Mesmo
com queda de 30,7% de fumantes no Brasil, o charuto esta presente no
cotidiano de muitas pessoas
Reynaldo
Rodrigues
O
índice de fumantes no Brasil caiu 30,7% nos últimos nove anos,
anunciou o Ministério da Saúde,
mas há quem diga que não abandona a pratica de apreciação do bom
e velho charuto, que tem o ritual de escolha semelhante aos
apreciadores de vinho.
O
charuto é talvez a forma mais antiga de utilização do tabaco e
consiste de um rolo feito à mão ou à máquina, de folhas de tabaco
fermentado. No Brasil muitos charutos produzidos hoje em dia são
feitos à máquina, a qualidade dos charutos é verificada a cada
passo do processo de fabricação. A perfeita condição das folhas
de tabaco é muito importante, por isso são selecionadas e
inspecionadas depois da secagem, da fermentação e antes de se
tornarem efetivamente charutos. Após a finalização o produto é
checado para confirmar o diâmetro, peso e tamanho, se há
imperfeições na capa ou no formato e se produzirá boa puxada.
Diferenças
entre o charuto e o cigarro:
O
cigarro é um cilindro de papel, recheado de fumo picado, processado
a seco, com aditivos, como conservantes, umectantes, e flavorizantes,
geralmente com um filtro na extremidade que se leva à boca. O
charuto de qualidade é feito à mão com folhas inteiras de fumo
fermentado, sem nenhum aditivo. O cigarro dura alguns meses, no
máximo, enquanto que um charuto bem conservado pode durar vários
anos, e inclusive melhorar seu sabor.
Expressões
long filler e short filler:
Long
filler é o charuto feito à mão com folhas inteiras de tabaco,
short filler é um charuto, feito à máquina, com pedaços de fumo
ou fumo picado, geralmente sobras da fabricação do charuto long
filler.
VARIAÇÕES
DE CHARUTOS
A
variação na cor da capa depende do quanto essa folha foi
processada, dos diferentes tipos de fumo e de solo, e da quantidade
de luz solar que a folha ficou exposta:
Double
claro ou candela: Coloração entre o verde claro e o amarelo. Obtido
graças ao processo térmico de secagem rápida que retém a
clorofila das folhas de capa, gerando uma capa mais adocicada;
Claro:
Castanho amarelado e claro. Obtido através do cultivo do fumo à
sombra. Essas capas têm gosto neutro;
Colorado
claro ou Natural: Marrom-claro. Na maioria das vezes é a cor de
capas cultivadas ao sol;
Colorado:
entre o marrom-médio e o vermelho-escuro. Trata-se de capas
cultivadas à sombra, caracterizadas por aroma e sabor sutil;
Maduro:
têm uma variação desde o marrom-avermelhado muito escuro ao quase
preto. Resultado de um processo de fermentação mais longo e em
condições mais quentes que as normais. Tem aroma suave, sabor
encorpado e adocicado;
Oscuro:
mais escuro que o maduro. É obtido deixando as folhas o maior tempo
possível na planta. Utilizam as folhas de intensidade 1 que recebe
maior quantidade de luz solar e as deixam fermentando pelo maior
tempo possível. Geralmente, provenientes do Brasil e México.
Atualmente,
encontrar charutos de boa procedência em Brasília não é uma
tarefa fácil. Mas, em lojas especializadas, há vendedores bem
treinados que podem orientar na escolha de charutos e acessórios.
Caso seja iniciado, peça um charuto que agrade seu paladar, este
cuidado vai evitar uma decepção prematura no prazer da degustação.
Segundo
a representante do Empório Iguaçu Tabacaria localizada na Asa
Norte, Denise Felip, é muito importante que as empresas que fornecem
charutos estejam em constante aprendizado “abrimos nosso
estabelecimento há um ano e fazemos questão de repassar aos nossos
clientes experientes ou não as informações sobre armazenagem,
manuseio, tipificação, marcas e identificação de falsificações”.
Em
relação aos charutos falsificados, Denise revela que em sua maioria
apresentam variações de cor e textura da capa em relação aos
charutos originais, a anilha (rótulo que circunda cada charuto)
também apresentam diferenças. Os charutos numa mesma caixa devem
apresentar a mesma coloração entre si. O acabamento da ponta
fechada do produto também dá indícios de falsificação. “Na
verdade, a prática do dia a dia é o principal aliado na
identificação. Mesmo assim existem falsificações tão boas que só
mesmo na hora da degustação é que se percebe”.
A
Orientação é que os apreciadores evitem lojas em que os atendentes
não sabem a procedência do produto. E é sempre bom lembrar que os
preços dos charutos funcionam como um bom indicativo da
originalidade. O bom enófilo paga o preço que o produto vale.
Veiculado dia 23/9/2016 no jornal Alô Brasília, página 4
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